Encaminhamo-nos para o amor com opiniões e formas de sentir não genuinamente nossas e tentamos impô-las ao outro. O amor, no entanto, não aceita essa imposição e só revela sua verdadeira face quando abandonamos o falso e permitimos que brote o autêntico. Todo ser humano se comove ao sentir as primeiras flechadas de Eros, o eterno brincalhão. Esse momento é vivido como precioso, raro, extraordinário. Essa vibração inicial é o amor em seu estado puro, cristalino, pueril e inocente.
Entretanto, o tempo passa, cobra seu tributo e a inocência inicial é perdida. Inocência é i-noscere, isto é, não conhecer, não ter conceitos nem informações, estar num estado de percepção pura. A pureza de nossa percepção é poluída pelas normas, concepções e exigências de nosso grupo social, religioso e político, inculcadas em nós pelas gerações passadas, ou seja, pelo tempo. O caminho do amor vai na direção oposta ao do tempo; convida-nos constantemente a procurar o não-condicionado, o não-conceito, a não-opinião. Ele busca aquilo que nos evangelhos se chama "pobreza de espírito": uma crescente limpidez do mental e no emocional.
O amor não conhece nem respeita posição social, títulos, diplomas ou conveniências.
Reproduza na memória o momento em que viu pela primeira vez a pessoa amada e sentiu o toque do amor. Contemple essa imagem e afaste da lembrança os acontecimentos posteriores. Você reencontrará o encanto perdido.