Uma das percepções que me deixou mais perplexo depois de um tempo de prática da recapitulação foi descobrir o tamanho enorme da minha auto-importância. "Ver" que o buraco era muito mais embaixo do que eu pensava.
E o pior é que eu achava que já tinha controlado meu ego, pois já estava no caminho do guerreiro. Eu havia cortado o básico, o exagero, as aberrações do ego, e é aí que mora o perigo. Eu achava que já era equilibrado nesse sentido. A autoimportância é traiçoeira, e se esconde nas sutilezas, e eu só fui "ver" isso conforme ia recapitulando. Não só os acontecimentos e interações do passado, mas o dia-a-dia, ou pelo menos, situações mais recentes e que, aparentemente, não tinham nada demais. Conversas simples, fatos do dia-a-dia, discussões bobas com quem se gosta, preocupação com a imagem social, mesmo que camuflada e outras coisas mais banais.
Algumas vezes eu tomava uma decisão, traçava uma estratégia e partia para a ação, e quando recapitulava minhas atitudes em relação a decisão tomada, via que eu não tinha sido impecável, por algum motivo, embora na hora, e até então, achasse que sim...era minha autoimportância me sabotando, de forma velada.
A recapitulação do dia-a-dia, mesmo que seja uma ou duas vezes por mês, ou semanalmente, faz maravilhas, pq permite que vc vá aparando as arestas da sua autoimportância, podando os excessos e fazendo as correções de rota necessárias quase em tempo real. Uma recapitulação nesses termos é fundamental para sua impecabilidade, pois está a todo momento mostrando suas inconsistências e aonde vc está desperdiçando energia e tempo com as aberrações e armadilhas do ego.
Quando vc recapitula regularmente vc dissipa a névoa da rotina e sacraliza seu cotidiano, ficando mais atento aos sinais e desígnios do Espírito, e principalmente, mais consciente no caminho.
Recapitular é espreitar a si mesmo.
Recapitular é "ver" a essência das coisas..